quarta-feira, 17 de junho de 2009

Eu já sabia...

Gabriel Guimarães

O resultado do estudo “Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender: Potencializar avanços e Reduzir Desigualdades”, divulgado na semana passada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apontou um dado alarmante. Apenas 17% dos baianos que iniciam os estudos concluem o ensino médio.

O número assusta, porém, não surpreende. Principalmente a quem convive diretamente com a realidade da educação básica no Brasil, que está deteriorada e defasada desde os longínquos anos do regime militar. Bons tempos aqueles em que os jovens soteropolitanos podiam ingressar nas escolas estaduais e sair delas com chances de, ao menos, disputar uma vaga no ensino superior.

Trago esse exemplo vivido por mim. Meu pai foi aluno do Colégio Estadual Duque de Caxias, localizado no bairro da Liberdade, e concluiu lá o segundo grau, atualmente chamado de ensino médio. Antes disso havia estudado no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, a Escola Parque, projeto idealizado pelo educador Anísio Teixeira. Essa fase de estudos do meu velho e querido pai foi lá pelos anos 1960 e 1970. Com essa educação colegial, sem precisar fazer nenhum curso superior, ele conseguiu um bom emprego como bancário, chegando ao importante cargo de auditor.

Eis a minha história: até a oitava série sempre estudei em instituições de ensino particulares, as melhores que meu pai podia pagar. No segundo grau, a situação financeira não permitiu que eu continuasse na escola privada, e meu pai tratou de procurar uma boa escola pública para me matricular. Então fui estudar, em 2001, no Colégio Estadual da Bahia, o Central. Berço do movimento estudantil durante o período militar, o Central já na era mais o mesmo. Professores que não davam aula, alunos que não preservavam os equipamentos (quebravam carteiras, quadros, pichavam paredes...) e não respeitavam os professores.

Percebi que o problema era muito maior do que a simples questão do ensino. O que era mais prejudicial eram as relações humanas que estavam sendo totalmente deturpadas devido às posturas adotadas pelos governantes, escolas, educadores, pais e alunos. Porém, sabia que dali eu sairia com uma consciência crítica modificada e com vontade de mudar essa realidade. Nunca deixei de me comportar como um estudante, reivindiquei direitos e cumpri todos os meus deveres, pois tinha essa consciência agregada aos meus valores.

Portanto, enquanto cidadãos preocupados, que no futuro seremos pais, e que, com certeza, faremos de tudo para dar uma grande educação aos nossos filhos, precisamos plantar essa semente o mais rápido possível. Podemos começar na nossa vizinhança, na comunidade que vivemos, a difundir e ensinar um pouco do nosso conhecimento. Não vamos fazer como a Igreja Católica, que durante anos dominou e escondeu o conhecimento da população, não vamos deixar que nossos governantes mantenham essa política de faz de conta, “o governo faz que paga, o professor faz que ensina e aluno faz que aprende”.

Pode até parecer utopia, mas a realidade só modifica se dentro de cada um existir a vontade de fazer essa transformação. Como no exemplo do Ministério Público do Trabalho do Piauí (MPT – PI), estado com um dos piores índices de desenvolvimento educacional do país. Eles estão implantando o programa MPT na escola, com o objetivo de alertar os alunos sobre o trabalho infantil, como forma de colaborar com a redução da exploração da mão-de-obra de crianças e adolescentes. Com isso podemos deixar de lado o bate-papo, e correr para a ação.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O Engenho do tráfico

Por Daniela Pereira

As drogas proporcionam aumento relativo em outros tipos de crimes, como assaltos, arrombamentos e prostituição. Na maioria dos casos de homicídios, a autoria é um mistério e a polícia aponta o tráfico como possível causa.

Em Salvador, muitas mortes estão relacionadas às drogas, que vêm destruindo famílias e tirando o sossego de muitos, principalmente de moradores de bairros, como Nordeste de Amaralina, Cosme de Farias, São Caetano e Engenho Velho da Federação, onde o ciclo vicioso é mais intenso.

Retrato do cenário de violência, tráfico e insegurança, o Engenho Velho da Federação, reconhecido como comunidade de resistência negra, cuja população chega a 65 mil habitantes, tenta resistir à violência. A população é quem mais sofre com balas perdidas e ameaças dos traficantes que disputam os pontos de drogas.

O Engenho Velho da Federação possui nos seus arredores comunidades, como Baixa da Égua, Forno, Lajinha e Vale da Muriçoca, que vivem em uma verdadeira guerra civil não declarada. De acordo com o investigador Paulo Portela, chefe do Serviço de Investigação (SI) da 7ª Delegacia do Rio Vermelho, essa "onda" de drogas que a cidade presencia começou após a desarticulação da quadrilha do maior traficante do Estado, Raimundo Alves de Souza, conhecido como Ravengar. "Depois de Ravengar a droga se espalhou e se dividiu criando dois "partidos", o do traficante Perna e o de Piti", afirma Portela. Para o investigador, o usuário começa a se tornar um viciado quase sempre pela maconha. Depois de certo tempo, quando a dependência fica sem controle, ele passa para a cocaína até chegar ao crack, considerada uma das drogas mais avassaladoras. Na região do Vale da Muriçoca, onde o tráfico é comandado por um jovem de prenome Dejavan, mais conhecido como "Kiko", a pedra de crack pode ser adquirida por cerca de R$ 5,00.

Segundo dados fornecidos pelo Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), o bairro da Federação apresentou de janeiro a dezembro de 2008 e nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, um avanço de 3% nos homicídios relacionados com as drogas.

Uma dona de casa de 36 anos, moradora da região que liga o Engenho Velho ao Vale da Muriçoca, teve sua casa invadida por um fugitivo da polícia após uma troca de tiros no Vale da Muriçoca. "Minha primeira reação foi entrar no quarto e pular a janela com minhas filhas", afirmou. O ajudante de produção de 37 anos, morador do Nordeste de Amaralina, expressa com revolta a indignação pelas drogas. "Estamos vivendo uma situação de desespero, aqui não podemos mais sentar na porta de casa para tomar uma fresca nem deixar nossos filhos brincar e andar de bicicleta, pois nunca sabemos o que pode acontecer?", indaga o morador. O drama maior do trabalhador não está só no fato da constante violência do local e sim, dentro de casa, pois ele está sentindo "perder" o caçula de 17 anos para as drogas. "De alguns meses para cá já sumiu dinheiro e até um celular aqui em casa, pra mim é difícil acreditar que tenha sido ele", afirma.

É notório que o tráfico de drogas, declaradamente ilegal, cresceu de maneira rápida e desgovernada a partir dos anos 80, tornando o narcotráfico superado apenas pelo tráfico de armamentos. Organizada como uma empresa, o tráfico chama a atenção devido aos lucros financeiros e rigorosidade.

Dependentes de Esperança


Por Denise Nascimento
denynews@gmail.com

Quase metade da população estudantil nordestina sofre as dores de algum tipo de dependência química, de acordo com dados da Secretaria Nacional Anti - Drogas (SENAD), que aponta 40% dos estudantes.Um universo que se torna cada vez maior devido às dificuldades, falta de apoio e suporte psicológico.

Para a coordenadora de comissões da Câmara Municipal de Salvador, Clementina Matos, é de suma importância o desenvolvimento de políticas publicas de apoio aos dependentes. “Os dependentes fazem parte da população e necessitam de apoio como qualquer outro cidadão”, destaca.

Um dado das pesquisas assusta, o número de usuários que vivem nas ruas. Segundo os estudos realizadas pelo SENAD cerca de 87% dos moradores de rua utilizam drogas freqüentemente. Mas, nos lares, a situação não é tão diferente, o sofrimento é o mesmo.

Lar: Ambiente considerado o local onde se forma o caráter e personalidade de um indivíduo.

Colo de mãe

Foi nesse lugar que, de um momento para outro, se transformou num pesadelo para uma criança de apenas 8 anos. Maria (nome fictício), hoje com 19, presenciou, durante uma longa etapa de sua vida, brigas de seus pais.

Seu pai, Antônio, é alcoólico. “Eu tinha medo dele. Quando ele chegava na escola, eu saía pelos fundos”, relembra emocionada. A menina que se diz ser uma mulher forte é devido ao apoio de sua mãe. “Ela foi pai e mãe. Não me deixou sentir o peso de ter um pai daquele jeito”, desabafa.

A menina tímida e que tem dificuldades em se “entregar” aos relacionamentos, sejam eles com amigos ou namorados, confessa que sofreu muito durante alguns anos após a trágica separação dos seus pais, que se deu devido Antônio ter falsificado a assinatura de sua mãe numa das folhas de cheque que ele havia subtraído dela. “Foi coisa de Deus. Eu, uma criança, descobrir que foi meu pai quem tinha feito aquilo”. Ela relembra que nem sua própria mãe acreditava que o álcool fosse capaz de transformar de tal maneira um homem digno num ser humano capaz de furtar algo dentro de sua própria casa.

Na época em que tudo aconteceu na vida de Maria, ainda não existiam programas como o
Viva Voz, da SENAD (Secretaria Nacional Anti Drogas), que dá suporte 24 horas por dia a dependentes químicos e a seus familiares. O 0800 510 0015 que funciona há cerca de 8 anos, tem como objetivo além de passar informações sobre o uso indevido de drogas, dar suporte psicológico aos dependentes e aos que convivem com eles. Infelizmente, o programa, é ainda pouco conhecido pela população, que procura nas drogas um refúgio.

Para o psicólogo Lewis Levine a maneira de olhar para os dependentes e para o tratamento que eles necessitam deve mudar para que as conquistas sejam satisfatórias. “Em primeiro lugar, é preciso desmistificar essa história de que terapia é apenas coisa de quem tem distúrbios ou problemas mentais”, afirma.

Graduado nos Estados Unidos, com mestrado pela San Francisco State University e estudos em Harvard University, Levine ressalta a importância de um tratamento para os familiares e amigos dos dependentes. “Na verdade, todo mundo pode se beneficiar da terapia”.


Levando a vida...

Relaxar, esquecer os problemas de um dia inteiro de trabalho, descontrair, divertir-se com os amigos. Esses foram os motivos citados por Carlos Augusto dos Santos, pintor, mecânico e alcoólico. Aos 54 anos, mantém um relacionamento de quase 40 anos com o álcool. “Eu comecei a beber por curiosidade e continuei bebendo por hábito”. Augusto relembrou que aos 16 anos quando experimentou pela primeira vez “cachaça”, não gostou muito, mas bebeu para permanecer entre os amigos. “Quando eu dei o primeiro gole senti tudo queimar por dentro, mas engoli pra não passar vergonha”.

Pai de 2 filhas, Carlos relata que sempre procurou afastar suas filhas do álcool, e as aconselhava sempre dizendo “Não acerte seu relógio pelo meu, pra você não andar sempre atrasado”, fazendo um movimento de negação com a cabeça, ele confessa que poderia ter sido um pai melhor, mais presente a suas filhas se não fosse um dependente do álcool.O pintor que hoje não consegue emprego, já passou por vários relacionamentos, porém nenhum permaneceu firme. O mais duradouro foi de 8 anos com a sua primeira esposa. “Tive varias mulheres. Mas elas não gostavam quando eu bebia”.

Hoje o contato de Carlos Augusto com os familiares é conturbado. Segundo ele, a família não entende o problema. O homem que hoje mora numa casa de dois cômodos, sem luxo e sem família, já não demonstra esperança ou entusiasmo para o futuro. “Eu não tenho mais nada a perder. O homem é do momento”. Finaliza, sem perspectiva de transformação, Augusto.


Cortina de fumaça
Confira o depoimento de uma ex fumante

“Tinha hora que eu queria morrer. Eu me sentia incapaz. O vício era mais forte que eu”. Desabafa, chorando, Dineia dos Santos, 47, fumante durante 17 anos. Dineia sofreu a dor de não realizar o seu maior sonho que era o de ficar grávida, por ter adquirido dependência ao cigarro. Aos 24 anos começou a fumar. Segundo ela, na época, achava esteticamente bonito e dava um ar de maturidade. “Eu, quando comecei a fumar, me sentia mais adulta, mais poderosa”.

Porém, essa beleza custou muito caro. Aos 27 anos, já no quinto ano de casamento, após inúmeras tentativas sem êxito de engravidar, Dineia procurou ajuda médica. Descobriu que as suas chances de engravidar eram mínimas e diminuiriam se ela continuasse fumando. “Nessa hora senti que poderia perder tudo por causa de um capricho”.

Uma série de tratamentos foi iniciada naquele momento, entretanto, nenhum funcionou porque a nicotina afetava o resultado e já influenciava no psicológico da mulher que sempre sonhou em ser mãe. “Eu tentei de tudo pra deixar o cigarro, adesivos, massagens... nada adiantava” afirma emocionada. Aos 34 anos, cansada de frustrações, adotou uma criança. “Substitui o sonho de engravidar pelo sonho de ser uma boa mãe”.

Hoje ela é evangélica e diz que Deus fez um milagre em sua vida, e afirma ter medo que seu filho siga o mesmo exemplo. “Eu digo a meu filho: do caminho das experiências essa foi o mais doloroso em minha vida”. Dineia conseguiu vencer a dependência com a ajuda de terapias de grupo realizadas pela igreja que freqüenta. As sessões que tinham duas horas de duração e aconteciam duas vezes por semana, segundo ela, a ajudaram a conquistar a autoconfiança e vencer o vicio.

Onde procurar apoio

A maioria das entidades de apoio público a dependentes químicos são realizados por ONGs e por grupos evangélicos. Existem cerca de 39 clínicas de apoio na Bahia. Esses grupos sobrevivem devido à ajuda e doações de fiéis.

A falta de recursos impede que as populações de média e baixa renda tenham acesso aos caros tratamentos psicológicos. Em salvador tramita apenas um projeto na Câmara Municipal.O projeto de número 4506, elaborado pelo vereador Teo Sena, visa à exibição de alertas nos cinemas sobre doenças sexualmente transmissíveis e o abuso de drogas. A sociedade que espera por políticas públicas em apoio aos problemas causados pela ação da dependência química, hoje é dependente de esperança

S.O.S moradia!

Por Fernanda Patrocínio
Quem apenas assiste pela televisão às propagandas sobre as obras nos subúrbios de Salvador, certamente desconhece um outro lado da realidade dos habitantes destes bairros, que não é capturado pelas lentes das câmeras do Governo do Estado. Na comunidade dos Alagados, por exemplo, a falta de uma estrutura mínima de saneamento básico é um dos principais problemas enfrentados pelos moradores, que ainda esperam por uma moradia digna.

Andando pelos arredores da Ilha do Rato, situada no bairro, encontra-se facilmente quem esteja indignado com a própria situação. Eloína de Jesus, 47 anos, se amedronta a cada vez que chove. Na última vez, ela passou por uma situação calamitosa e nada convencional.
Parte do aterro, composto por entulho misturado ao lixo, feito na área pelos próprios moradores, foi arrastado e entupiu todo o encanamento. “O vaso sanitário transbordou. Tinha fezes espalhadas pela rua toda”, lembra a moradora, que divide a casa com mais sete pessoas.

O Programa Viver Melhor, da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), tem como objetivo melhorias habitacionais, incluindo-se unidades sanitárias, infra-estrutura (água, esgoto, energia, drenagem, pavimentação, contenções e obras complementares de urbanização), mas quem aguarda ser favorecido com as casas construídas pelo Programa, não teve acesso a nenhum destes benefícios e ainda passa por mais dificuldades.

Gerlane Santos de Queiroz, 31 anos, vizinha de Eloína, conta que seu marido já se recuperava em casa de uma cirurgia nos rins, quando ocorreu o entupimento da tubulação de água. Ele voltou a piorar seu estado de saúde e faleceu três dias depois. “Os tubos estouraram e o chão da rua cedeu”, conta ela, apontando a emenda feita de cimento. “Só depois de oito dias, a Conder providenciou o conserto. Para fazer alguma reclamação, temos que chegar às cinco horas da manhã pra pegar senha”, acrescenta – ela diz que são distribuídas dez senhas e o atendimento só começa às duas horas da tarde.

Segundo a Assessoria de Imprensa do órgão, “esta é uma obra de grande amplitude e é impossível fazer todas as etapas ao mesmo tempo e atender às expectativas dos moradores, primeiro, pela questão financeira, e depois, pelo cronograma a ser cumprido”. Funcionários alegam também que os moradores ocuparam uma área que está abaixo do nível do mar. “É uma questão natural quando chover alagar toda a área”.

Entretanto, chegando nas proximidades da Ilha do Rato, logo se sente o mau cheiro que exala da maré. Andando mais alguns metros, imediatamente se tem a explicação para isso. Uma das duas manilhas que direcionam todo o esgoto para dentro da água - de onde se pode ver diversos pescadores com seus anzóis prontos para capturar o alimento e a fonte de subsistência – está entupida com o entulho que serve como aterro para as obras.

População esquecida - “Quem não faz parte da ‘poligonal’ (área de intervenção das obras) não é beneficiado por nenhum programa”, conta Gilsiara dos Santos, 35 anos, moradora da rua Papa Leão XII, onde a rede de esgoto só abrange o início.

Por não estarem incluídos em nenhum projeto de melhoria, os moradores da rua são obrigados a poluir ainda mais a maré, além de arriscar a própria saúde. Sem estrutura de esgoto, a solução encontrada foi a construção de fossas particulares, cuja limpeza é feita pelos próprios moradores, como conta Edeilda Almeida Lima, 47 anos. Ela diz que há pouco tempo, junto com o marido e os três filhos, contraiu uma micose estranha na pele, que coçava muito. “Meu marido tira a crosta – gordura e fezes – com um balde e joga tudo na maré”.

Apesar da alegada, falta de recursos suficientes do Governo do Estado para uma melhoria satisfatória nas condições de moradia e saneamento básico na área da Ilha do Rato, a moradora Gilsiara, que é coordenadora da Sub-comissão de Moradia da CAMMPI (Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe) expressa sua opinião. “Os problemas enfrentados pelos moradores da Ilha são muito sérios e precisam ter mais prioridade em relação à ‘maquiagem’ que o governo apresenta à população”.

Triiiim , triiim...

Por: Milena da Silva Oliveira
O som que há anos compõe nossa rotina, actualmente tem sido sinal sonoro de desespero. Cresce assustadoramente o número de fraudes e crimes executados por telefone. Saiba como se previnir.

Evite divulgar desnecessariamente informações como nomes, números de telefone e endereços ;

Não atenda ligações de números ou pessoas desconhecidas ;

Proteja-se :

O melhor é não dar chance para ouvir a ameaça. Desligue imediatamente ;

Oriente todos em casa para não alimentarem conversações suspeitas ;

Defenda-se :

Registre os números e os horários das ligações ;

Verifique se os parentes mais próximos estão em segurança e alerte-os, sem alarde ;

Em caso de dúvida ou ameaça, não hesite em procurar o Plantão: 814 3083, chave estrutural GAPRE.

A longa espera do metrô de Salvador

Por Edna Ferreira

Os problemas existentes no transporte de pessoas, aliados ao trânsito e à poluição são cada vez mais intensos, e tendem a agravar-se na medida em que a urbanização prossegue e a economia cresce. Quando falamos em política de transporte estamos discutindo também política econômica, política ambiental e qualidade de vida.
O sistema de transportes garante ao cidadão a possibilidade de inserção social,estabelecendo ligações entre pessoas e lugares urbanos. Ele deve ser encarado com um instrumento de desenvolvimento.
As políticas públicas de transporte têm que ser levadas a sério, pois, elas garantem uma melhor qualidade de vida para toda a população, trazendo melhores condições de locomoção, segurança e acessibilidade para realização das atividades necessárias à vida moderna, além de uma melhor qualidade ambiental.
As obras do metrô de Salvador foram iniciadas em janeiro de 2000 e nove anos depois, apenas 8 kms da linha 1 continuam em obras. O trecho Acesso Norte-Estação Pirajá encontra-se com as obras paralisadas, correndo risco de se deteriorar com o tempo. A partir da Estação Pirajá o restante do projeto desta primeira etapa ainda não saiu do papel.
São freqüentes os engarrafamentos, o desrespeito às leis do trânsito, o aumento do número de acidentes e atropelamentos, a falta de lugar para estacionar, entre outros, sem falar no estresse que tudo isso causa nas pessoas que, diariamente, necessitam enfrentar esse caos.
De acordo com Ivo Luís, chefe de estatística da SET, circulam na capital 449 mil carros de passeio e 55 mil motos. Uma linha de metrô absorveria a maior parte do movimento de carros.
Os transportes aproximam as pessoas e fazem circular a riqueza, integrando os diferentes espaços da ocupação humana. O transporte ferroviário é, sem dúvida, o mais eficiente e efetivo na maioria dos casos em que o transporte terrestre não pode ser substituído pelo hidroviário.
Nos centros urbanos, o metrô tem a possibilidade de transportar um número de passageiros maior, a maiores distâncias e em menor tempo que os ônibus. Além disso, o metrô subterrâneo não provoca nem sofre com congestionamentos e não colabora para a desordem das grandes cidades.
O sonho do metrô, que surgiu como uma promessa de solução parcial do problema do trânsito em Salvador demora de ser concretizado. Com um atraso causado por seguidos problemas na execução, e pela acusação de super faturamento por parte do Tribunal de Contas da União, o metrô de Salvador não consegue sair do papel. O atraso na conclusão das obras desanima aos usuários do serviço público de transporte. “Tenho a esperança de que vai sair. Não sei é se vou estar vivo pra ver”, afirma José Carlos Andrade Macedo 60 anos, morador na Ilha de São João (subúrbio de Salvador), e que trabalha como funcionário público, no centro da cidade.
Pelo que se investiu, (as obras já consumiram mais de R$1 bilhão) o metrô tem de ser concluído. Com certeza ele irá complementar o sistema de ônibus, facilitando assim a vida de milhares de pessoas que dependem do transporte coletivo na cidade.

De cara pro muro

Por Tâmara Oliveira


Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea no Brasil, oferecendo a liberdade aos negros e escravos. Entretanto, a longa escravidão brasileira tornou o país possível. O principal componente utilizado para legitimar a escravidão, antes de qualquer outro, foi o racismo.
Num país com alto índice de miscigenação, é quase impossível encontrar pessoas de raça definida.
Considerada a maior cidade escravista do mundo, o Rio de Janeiro foi palco de uma discussão que aumentaria ainda mais o preconceito racial: a construção de um muro que isolaria a favela da Rocinha da cidade. Os muros existentes hoje foram construídos durante o processo escravista e continuam sendo sustentados pela miséria e o silêncio aos quais os negros foram e, são, submetidos até hoje.
A idéia de um muro exemplificado através da proposta feita pelo vice-governador do Rio, Luiz Paulo Conde, deixa explicito que os muros fazem parte da realidade em que vivem os moradores das favelas, periferias ou invasões, que na história é composta majoritariamente pela população negra. Existem barreiras impostas como a do preconceito, do racismo e, principalmente, a do estigma que é associado aos indivíduos que fazem parte desta realidade, colocados sempre como marginais e uma ameaça constante a classe burguesa e branca. Conde pensava na construção de um muro de três metros de altura para isolar as favelas da Rocinha e do Vidigal, afetadas pelo controle do narcotráfico. Segundo ele: “o muro seria a única solução para conter a violência”, esta afirmação foi veiculada na mídia impressa carioca, em abril de 2004. O muro pensado é um ilustrativo da apartação já construída, antes mesmo, da vontade do vice-governador.
A construção de um muro proporciona uma falsa ilusão de segurança, pois nenhum muro é intransponível e as pessoas não podem viver sem contato social. Este antigo desejo segregacionista viria apenas a celebrar a vontade de uma elite em se construir uma Barra da Tijuca branca, limpa e rica.
Ao se deparar com situações de exclusão tão rotineiras no dia-a-dia, ninguém se dá conta de quantos muros são erguidos e quantos são solidificados por meio de discursos da classe dominante, que buscam associar os problemas sociais existentes neste país a uma parcela injustiçada, desrespeitada e esquecida.

Meu cartão... Não!

Por Milena da Silva Oliveira

Como evitar fraudes com cartão de crédito?O uso de cartões de crédito exige cuidados. Novas maneiras de fraudar surgem a cada dia. Siga os passos deste golpe:

• Alguém liga e diz: "Aqui é do Departamento de Segurança do cartão [X]. Meu nome é [fulano] e meu número de identificação funcional é [xxxxx]. Você comprou [qualquer coisa] no valor de US$497,99 de uma companhia baseada no [exterior] ?" Claro, você responde que não.

• A pessoa prossegue: "Provavelmente seu cartão foi clonado e estamos ligando para verificar. Se confirmado, emitiremos um crédito a seu favor."

• E continua: "Antes de processar o crédito, gostaríamos de conferir alguns dados."

• "O seu endereço é... [seu próprio endereço] ?" É um dado que pode ser obtido, por exemplo, em listas telefônicas na internet. Você confirma, e o golpista continua: "Qualquer dúvida que você tenha, ligue o número 0800 que está no verso de seu cartão e solicite o Departamento de Segurança."

• Ele pede: "Por favor, tome nota do seguinte número de protocolo." O golpista informa então um número de seis dígitos e pede: "Você poderia lê-lo para mim, para confirmar?"
• Chegou o momento mais importante do golpe. O criminoso diz: "Desculpe, mas precisamos verificar que você está de posse de seu cartão. Por favor, pegue seu cartão e leia o número". Você lê e ele continua:

• "Correto. Agora vire o seu cartão e leia para mim os três [ou quatro] dígitos de segurança." Esses são os números que você usa para fazer compras via internet, para provar que está com o cartão ! (Em alguns cartões, esses números estão na frente, meio escondidos no corpo do cartão).
• Você informa os números de segurança, e ele responde: "Correto ! Entenda que era necessário verificar que o cartão não estava perdido nem tinha sido roubado, e que você estava com ele em seu poder. Você tem alguma pergunta ?" Você diz que não, o criminoso agradece e finaliza.

• Em poucos minutos, compras começam a ser lançadas no seu cartão. Às vezes, a fraude só é percebida com a chegada do extrato.

Como se proteger

É muito difícil rastrear esse tipo de ligação, e pouco provável chegar até o criminoso e ainda reaver o dinheiro. Então, o que fazer?
Caso receba esse tipo de ligação, simplesmente desligue
Em seguida, entre em contato com a central do cartão, solicitando apoio da área de segurança, e explique o ocorrido.

Fechando as janelas

Por Milena da Silva Oliveira

É fato que a criminalidade cresce e se alastra numa proporção desmedida. E o medo há anos nos tem feito reféns , não vamos nos desesperar, mas ... Previnir é melhor que remediar !


Previna-se...

Portas e janelas devem ser resistentes e ter fechaduras e trancas confiáveis. Instale olho-mágico nas portas. Travas de segurança e cadeados, nos pontos mais vulneráveis, também são úteis. Quando necessário, instale grades, de preferência internas. E não se esqueça das portas e janelas dos fundos, por onde os ladrões preferem entrar.

Ao viajar, suspenda a entrega de revistas e jornais.
Não coloque cadeados do lado de fora do portão. É sinal certo de que o morador não está.
Faça poda periódica em árvores e arbustos para manter a visão de dentro para fora livre, e para que não sirvam de esconderijo.
Se o interior de algum dos cômodos de sua casa pode ser visto da rua, mantenha as cortinas ou persianas fechadas.
Se for possível, mantenha um bom cão de guarda, adestrado, na área externa da casa.
Tenha os telefones de emergência fixados em um local de fácil acesso na casa.
Providencie iluminação para as áreas externas de sua casa, mas não deixe luzes acesas durante o dia. Células fotoelétricas podem automatizar o liga/desliga.

Proteja-se...

Se você tem empregados, não deixe todas as chaves da casa com eles. Eles podem ser forçados a permitir a entrada de ladrões.
Se alguma chave for perdida, troque o segredo da fechadura correspondente.
Mantenha os portões e portas trancados, mesmo em intervalos curtos de tempo, inclusive quando você está em casa. Oriente as demais pessoas da sua casa a fazer o mesmo.
Observe o movimento da rua antes de sair ou retornar para casa. Se perceber a presença de pessoas ou veículos estranhos ou em atitudes suspeitas, não entre (continue seu caminho) ou saia de casa, ligue para a polícia e procure descrever detalhes das pessoas (altura, cor da pele, cabelo, idade aproximada e roupas) e dos veículos (cor, marca, modelo).

Oriente a família e os empregados para que não dêem informações pelo telefone e nem comentem com estranhos sobre bens que a família possua e sobre os hábitos da casa.
Insista com seus filhos: eles devem informar sempre onde estarão, se vão se atrasar ou se foram para a casa de algum amigo. É muito importante dispor de todos os telefones onde é possível encontrá-los.

Não guarde valores e jóias em casa. Faça seguro e deixe-os em cofres de agências bancárias.
Ao contratar empregados domésticos, prefira sempre aqueles que apresentem referências e sejam indicados por pessoas de sua confiança. Tome os mesmos cuidados com a contratação de serviços de manutenção ou reforma.


Fonte/autor: Segurança Empresarial/Serasa
Em: 26/6/2006

Ufba busca melhorar qualidade de vida de marisqueiras

Por Rafael Brito

Enquanto os Governos federal, estaduais e municipais não atuam para a melhora da qualidade de vida, principalmente da saúde pública brasileira, na qual vemos hospitais e centros deteriorados, faltando médicos e equipamentos para o atendimento da população. Faculdade e grupos voluntários procuram através do “assistencialismo” levar médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros para os mais excluídos da visão desses poderes públicos. É o caso da Universidade Federal da Bahia, que através de sua Secretaria de Saúde Ocupacional vem tentando medicar e ensinar para as marisqueiras do Recôncavo e algumas cidades do Litoral Baiano, melhores maneiras de realizar o trabalho do marisco.

Esse projeto foi iniciado pelo professor e medico da Ufba Paulo Pena, com o intuito de fazer uma pesquisa de como era o trabalho e os riscos de saúde que elas tinham pela má postura, exposição ao sol, entre outros problemas. Mas diferentes de outros programas de pesquisa universitária, ele deu início a um programa de atendimento médico chamado Projeto Popular e Intersetorialidade em Saúde nas Comunidades Pesqueiras da UFBA.

Além disso, procurou entrar em parceria com o INSS para elaborar um nexo a legislação baiana, em que pudessem colocar as doenças ocupacionais dessas mulheres dentro do programa que dar direito a aposentadoria para enfermos decorrente de trabalhos excessivos, como as Lesões de Esforço Repetitivo (LER), na qual elas estão incluídas, pois ao catar esses mariscos elas realizam em media 10200 toques. O que extrapola o numero que a constituição brasileira permite que são de 8000.

Entre as doenças catalogadas durante todas as etapas de ofício, no caso cinco (coleta, transporta, limpa, cozimento e cata de marisco, respectivamente), têm as LER, problemas de coluna, de pele, tendinite, bursite, infecções por bactérias, entre outros.

Hoje esse projeto vem se estendendo. Os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas irão às comunidades para atender as mariscadeiras, logo que muitas têm dificuldade de transporte, por não terem dinheiro para virem a Salvador. È o chamado Projeto Itinerante.

“Quando o projeto começou a ser produzido começamos a ver nele uma maneira de criarmos políticas publicas para essa população”, observa Maria José coordenadora da Pastoral da Pesca da Diocese da Bahia. E assim todos os envolvidos vêm tentando melhorar da sociedade e assumindo o papel do Governo brasileiro.


Projetos sociais são ineficazes em Salvador

Por Paula Ary
O cenário é caótico: sacos de cimento no chão, um sofá rasgado e empoeirado, restos de materiais de construção e uma escada sem proteção, por onde todos os dias, com muito esforço, dona Eduarda sobe e desce. Diabética, 62 anos, necessita de muletas para se movimentar, pois as pernas feridas não suportam o peso do corpo. Mãe de Elisângela Pontes, 32, que sofre de Hepatite C e não anda e avó de Aline, 22, e de Ester, nove anos, dona Eduarda cuida delas sozinha e sem renda fixa. Aline paralítica desde criança, pois a mãe, que dona Eduarda preferiu não citar o nome, se drogava quando estava grávida. Já a neta, Ester, é saudável e ajuda a avó, apesar de ser filha de uma brutalidade, pois Elisângela, sua mãe, fora estuprada.
Dona Eduarda diz já ter procurado ajuda de alguns órgãos públicos, mas não obteve sucesso. Câmara de Vereadores, Assemblèia Legislativa da Bahia, a antiga Limpurb, todos foram alvos da incessante procura dessa senhora, na tentativa de melhorar a situação dela e de sua família.
Mas a ajuda nem sempre chega para quem precisa. Seu Anísio Pereira, 75 anos, não tem uma vida muito diferente de dona Eduarda. Separado, pai de cinco filhos, aposentado há mais de 10, morador de São Tomé de Paripe, afirma que sua aposentadoria "é uma mixaria que não dá nem pra comer". Seu Anísio trabalhava como gari e hoje pede esmolas na praça da Liberdade e cata latas, segundo ele "quando dá, quando eu acho". Precisa da ajuda dos órgãos públicos, mas procura e não acha, afirma.

Entre os projetos que o Governo Estadual está o da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, SEDES, que desenvolve projetos e programas que buscam oferecer emprego e gerar renda. Sob a orientação da Superintendência de Inclusão e Assistência Alimentar (SIAA), as medidas de inclusão social são destinadas às comunidades que vivem em situação de extrema pobreza e que estão cadastradas nos programas do governo federal. Os projetos têm como área de abrangência todo o território estadual e podem ser executados por prefeituras municipais e entidades não–governamentais que tenham utilidade pública estadual, além de outras habilitadas a firmar convênios e receber recursos do governo do Estado. Apesar de existir esses programas assistenciais, pessoas como a Senhora Eduarda e Anísio não conseguem ser incluídos pela restrição de vagas ou pela falta de interesse dos governos estaduais e municipais.
Rita de Cássia Passos, 61 anos, moradora de Valéria, difere de seu Anísio pelo fato de não ter aposentadoria, pois trabalhou como vendedora ambulante durante muito tempo. Está parada há 10 anos devido a fiscalização da Secretaria de Serviços Públicos (SESP) na rodoviária - local onde trabalhava – e já fez de tudo um pouco, conta. Foi doméstica, vendia lanche e cafezinho. Vive atualmente com R$ 50 que recebe por semana trabalhando como babá da filha de uma vizinha. "O Governo não dá nada, nem deixa ninguém trabalhar", desabafa. Ao ser vítima de atropelamento em agosto de 2007, dona Rita piorou sua situação financeira, pois ficou impossibilitada de fazer trabalhos que exijam disposição física, como atividades domésticas. Ela necessita fazer tratamento dermatológico e fisioterapia, mas quando consegue ajuda para os curativos e medicamentos para a perna, já agradece. "Quando eu tenho dinheiro, compro os remédios, quando não tenho, o jeito é pedir na porta das farmácias". Dos oito filhos, apenas a caçula mora com ela e a acompanha aos sábados, dia em que pede esmolas na Avenida Sete.
Todos esses casos são exemplos de famílias necessitadas, que poderiam estar incluídas em algum ou mais de um programa social do Estado ou da Prefeitura, mas não é o que ocorre. Os três vivem em bairros diferentes, comprovando que a ajuda pública não chega a certos lugares da cidade.

Já pelo município, o órgão responsável pelos programas sociais é a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, de sigla também SEDES. A missão da secretaria é promover Políticas Públicas de Assistência Social voltadas a pessoas em situação de miserabilidade. Os programas em execução são o Pró-jovem, que atende adolescentes na faixa de 15 a 17 anos, fornecendo bolsa-auxílio de R$ 65,00/mês; o Sentinela, que é destinado ao atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso e exploração sexual, e busca garantir os direitos dos mesmos, e o Programa de Erradicação do trabalho Infantil (PETI), que visa eliminar o trabalho de crianças e adolescentes.

Existe também a iniciativa privada ou não governamental, como a ONG Águia Dourada, formada há 4 anos, pelos jovens Andercícero Paulo de Jesus Silva e Lucas Ferreira Cerqueira, que oferecem aulas e recreação para crianças pobres do bairro de Pituaçu, Boca do Rio e adjacências. Mas, por falta de colaboração, o projeto pode não continuar, afirma Cícero.

Salvador tem uma disparidade econômica e social muito alta. Se os grandes empresários fizessem um pouco pela população carente da cidade, já que o setor público não cumpre totalmente seu papel, muita coisa iria melhorar ou algumas situações ficariam menos agravadas, como os casos citados nesta reportagem. Porém, a realidade é outra.

É agora ou nunca!!!

Está confirmado: Salvador foi uma das capitais escolhidas para sediar os jogos da Copa do mundo de 2014 e isto quer dizer que os torcedores baianos terão muito que torcer daqui até lá. Isto porque para que o sonho se torne realidade, a capital baiana terá de construir o novo estádio da Fonte Nova e reformular completamente o seu sistema de transporte urbano.

Que a nova Fonte nova vai ficar pronta eu não duvido. Além do grande valor simbólico que o estádio representa para o povo soteropolitano, quando se trata de futebol o brasileiro sempre dará o seu jeito. Mas reformular o transporte urbano de Salvador parece um desafio muito mais distante.

Digo isso porque, como sabemos verbas milionárias não são suficientes para conclusão de obras na Bahia, haja vista o lendário metrô, que mesmo recebendo uma verba adicional do governo federal no valor de 46 milhões de reais já virou também promessa para a copa de 2014.

Para garantir o grande feito de 2014 já está sendo organizado um novo Programa de Aceleração do Crescimento para a cidade que se chamará PAC da Copa, mas além das boas intenções é preciso uma administração séria e eficaz. Salvador precisa e merece novo planejamento no seu sistema de transporte urbano, afinal, ninguém agüenta mais as horas de congestionamentos todos os dias, nos mesmos horários e nos mesmos lugares.

Como se o exesso de carros nas ruas, a falta de vias exclusivas para ônibus, sinaleiras mal localizadas e buracos no asfalto não fossem o suficiente para tornar o dia a dia de um cidadão soteropolitano um pouco mais estressante, aqueles que dependem exclusivamente do transporte público na cidade vive uma aventura extra.

Grande parte dos motoristas condezem seus veículos com total imprudencia no trânsito. Abusam da velocidade, passam direto em pontos que já tenham outros ônibus parados ao invés de esperam a sua vez, páram em locais inapropriados para que o pedestre sube, enfim, agem como se estivessem fazendo um favor, a contra gosto, à população.

Enfim, se para ter uma cidade mais organizada for preciso colocar a grande paixão nacional em jogo, vamos todos cruzar os dedos e torcer para um placar positivo até 2014. Fala se tanto hoje do sonhado trabalho decente, quem sabe daqui pra lá não conseguimos também um transporte público decente ?

Os torcedores do Vitória que me perdoem, mas o trocadilho se torna indispensável nessa hora:

Bôra Baêaaa!!!

Alexandre Levi - Estudante de Jornalismo da Faculdade Social

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A importância da remodelação do sistema educacional no Brasil

Por: Anna Letícia Tararam
Em geral, não gosto da revista Veja, acho que ela é altamente tendenciosa. Porém, duas matérias da editoria de Educação me chamaram atenção. Nas edições 2112, de 13 de maio, e 2115, de 3 de junho, a Veja publicou matérias abordando os professores como assunto. Com muitos detalhes, mostrou a importância que esses profissionais têm para o futuro do nosso país e da necessidade uma remodelação do sistema educacional vigente. São matérias que buscam com toda certeza a geração de políticas públicas na área de Educação no Brasil, e que procuram acordar a sociedade para o problema que estamos todos inseridos. Após ler as matérias, posso concluir o quanto estamos estagnados no tempo.

A matéria “ESCOLA PARA PROFESSORES”, da edição 2112, apresenta aos leitores o novo curso obrigatório para reforçar os conhecimentos teóricos dos futuros professores das escolas públicas do estado de São Paulo. Essa nova medida, anunciada pelo governador José Serra, no início do mês de maio, será de suma importância para o ensino na rede pública e para o aprendizado desses alunos da cidade de São Paulo. Segundo a jornalista Camila Pereira, autora da matéria, trata-se da criação de uma escola de formação de professores, bem diferente dos cursos tradicionais de aperfeiçoamento de docentes. O novo curso, que deverá valer a partir de setembro de 2009, é um pré-requisito e tem que ser feito antes dos professores ingressarem na rede estadual de São Paulo, a maior do país.

O problema atual é maior do que se imagina, como explica a consultora na área de educação, Guiomar de Mello: “As faculdades se perdem em teorias dissociadas da prática em sala de aula e não cumprem sua função básica: formar um profissional realmente capaz de exercer seu ofício”. Uma prova aplicada pela Secretaria de Educação, em dezembro do ano passado, 3.500 professores de São Paulo tiraram a nota zero. A prova mediu o domínio que eles tinham das matérias que já ensinavam, resultando absurdamente em nenhum. Nenhum domínio, dá para acreditar? Além da deficiência nos conteúdos, também lhes é escasso as mínimas noções de técnicas didáticas. Camila conta que apenas 20% das aulas nos cursos de pedagogia são dedicadas às metodologias de ensino, e é muito raro um aluno ter praticado antes de entrar numa sala de aula como professor. E é nessa lacuna que entra o novo curso de professores, para ensinar o que as faculdades não ensinam.

Em alguns países, como Coréia do Sul e Finlândia, o contato do aspirante a professor com o dia a dia de uma sala de aula é regra e não uma opção. Já em Cingapura, considerado como um dos países mais eficazes do mundo na formação dos seus docentes, 30% do currículo nos cursos para professor é cumprido dentro dos próprios colégios. “Funciona como uma espécie de residência médica para os futuros profissionais. Eles são acompanhados pelos professores mais experientes, que os orientam e indicam as melhores práticas de ensino”, afirma Lee Sing Kong, diretor do National Institute of Education de Cingapura.

Esse cenário é muito grave, e precisamos saber o que se passa em outros estados. A nova escola de professores de São Paulo é uma medida que deverá ser acatada nas outras cidades do país, por ser de caráter emergencial, pois se trata do futuro do Brasil. Nada parecido com esse novo modelo tinha sido proposto anteriormente na educação brasileira, e é uma notícia maravilhosa para um país que necessita de muitas mudanças nas salas de aula.

Camila dá continuação ao assunto, na matéria “ENSINAR É PARA OS MELHORES”, publicada na edição 2115. Nesta, são publicados os principais trechos da entrevista, feita pela jornalista, com Lee Sing Kong, diretor do National Institute of Education de Cingapura.

Segundo Lee Kong os professores de Cingapura tem status, pois só são admitidos aqueles estudantes que, no ensino médio, foram os 30% melhores da turma. A intenção é que somente os mais talentosos do país possam servir à educação. Mas, para isso foram criadas algumas iniciativas como um bom salário (que é semelhante ao de um engenheiro no mesmo estágio), e os professores que se destacarem recebem gratificações do próprio presidente do país no dia dos professores.

Outra medida muito usada são os laboratórios de pesquisa, usados para desenvolver metodologias de ensino e testá-las antes de aplicá-las nas salas de aula. Lee Kong explica que são estudos longos e sistemáticos, que envolvem diferentes grupos de alunos. Nas escolas de Cingapura, só se ensinam as técnicas pedagógicas se elas forem comprovadas cientificamente. Esses exercícios práticos e atividades nos laboratórios despertam a atenção dos estudantes, o que é crucial para o aprendizado nos dias de hoje, pois eles gostam mais de interagir do que assistir as aulas passivamente.

Como já mencionado na matéria anterior, Lee Kong conta que 30% do cronograma do curso é realizado dentro das escolas. Ou seja, os alunos são submetidos a uma espécie de residência médica, pois isso é básico para qualquer pessoa que queira aprender a ensinar.
As escolas de Cingapura são dirigidas como empresas, essa é mais uma iniciativa interessante, pois todas tem visão, missão e valores, a tríade básica de qualquer empresa. Também são determinadas as metas e quando cumpridas, os professores que obtêm melhores resultados chegam a receber dois salários a mais por ano.

Para Lee Kong, por mais que haja diferenças culturais e econômicas entre os países, nada impede de que eles sigam a mesma direção de Cingapura. Como diz o ditado, nada se cria tudo se copia, e neste caso o ditado se encaixa perfeitamente. Precisamos incentivar novas reformas em nossos métodos de ensino para se construir um país mais descente no futuro.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Analfabetismo Funcional

Por Ciranda Campos e Laís Santos
Dentre os direitos sociais assegurados no artigo 6º da vigente Constituição Federal Brasileira está o direito à educação. Entretanto, os resultados apontados por pesquisas comprovam que estes benefícios que são garantidos pela lei não são cumpridos de maneira satisfatória.

Segundo apontam as pesquisas mais recentes do Indicador Nacional de Analfabetismo (Inap), mais de 25% da população brasileira, com idade entre 15 e 64 anos, é composta por analfabetos. Neste índice, estão incluídos os analfabetos classificados, de acordo com a Unesco, como absolutos, aqueles que não sabem ler, nem escrever e não conseguem realizar operações aritméticas simples; e os funcionais, cidadãos que possuem conhecimentos rudimentares de escrita e leitura, mas que, no entanto, não conseguem compreender textos simples e ler números com mais de seis casas decimais. Os analfabetos funcionais representam, atualmente, cerca de 21% da população nacional. Na Suécia, este indicador não chega sequer a 10%, número inferior à metade da estatística brasileira.

Qual é o motivo para, em pleno século XXI, ainda nos depararmos com números tão elevados como esses? Vários são os fatores responsáveis pela situação. Má administração dos governantes, desigualdade social, problemas antigos que, ao invés de serem solucionados, têm se acumulado ao longo dos anos. Porém, a ausência de políticas públicas eficientes é um dos elementos mais significativos para compreendermos o mau desempenho da sociedade mesmo quando nos referimos ao exercício de atividades básicas e tão importantes, como saber ler e escrever. Como mudar esta realidade sem investir em melhor infra-estrutura nas escolas? Sem qualificar e motivar os professores?

Ao passo em que estamos, com políticas públicas voltadas para a educação cada vez menos eficientes, ainda não será neste século que o Brasil conseguirá erradicar o analfabetismo e, consequentemente, eliminar outras problemas sociais ocasionados em virtude da precária educação da população, como os altos índices de desemprego e a violência. Como um país pode almejar o desenvolvimento sem que seus pilares estejam bem solidificados?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Violência e pobreza em Salvador

Por: Valdeck Almeida de Jesus (*)

O Brasil inteiro enfrenta ondas de violência, aumento de assaltos, furtos e roubos. O tema é debatido quase que diariamente pela mídia, que pauta a discussão da sociedade. Em Salvador, não tem sido diferente: as manchetes dos jornais, rádios e TVs relatam atrocidades todos os dias.

É notório que o meio, o tipo de educação, a índole e outros fatores, influenciam no comportamento das pessoas. O principal vilão do aumento da criminalidade, no entanto, é o desemprego. O cidadão desempregado não pode frequentar escola, não tem opção de lazer, deixa a saúde em segundo plano. As circunstâncias geram tensão, maior concorrência e busca de saídas para sobreviver. Uma dessas escapatórias, não louvável, é a criminalidade, que alicia os famintos de pão e de cultura.

A política pública do nosso país é regada a pão e circo, como se fazia nos tempos medievais. O pão, no entanto, não dá para matar a fome e o circo, pago com dinheiro público, serve para distrair aos mais exaltados e calar a boca daqueles que reclamam da falta de governo ou de quem governa para seus pares.

Onde o Estado não atua, seja preventivamente com educação e geração de emprego, seja com uma justiça eficiente, deixa o campo livre para atividades ilícitas. E é nessa lacuna que agem os inescrupulosos, os políticos que aparecem de quatro em quatro anos e, também, traficantes de drogas, de armas, de produtos contrabandeados e, até, de seres humanos.

A taxa de desempregados na Bahia é pesquisada desde 1997 e tem aumentado a cada ano. O IBGE analisou dados do Departamento Intersindical de Estatísticas - DIEESE e UFBA, e apontou, em 2007, uma taxa de desemprego superior a 25%. Informação do Governo do Estado, através da Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED, também sinaliza para o mesmo percentual de pessoas fora do mercado formal de trabalho: mais de 410 mil no início de 2008.

Dados divulgados em fevereiro de 2009, pela PED, indicam queda do desemprego de 19,8% para 19,4%, ou seja, apenas 0,4%. Dados do IBGE indicam que a População Economicamente Ativa (PEA), em Salvador, é de 1 milhão e 787 mil pessoas. O percentual de 0,4% significa a criação de, apenas, 1416 vagas de trabalho, para um universo de mais de 354 mil pessoas desempregadas.

Quem está desempregado na cidade do Salvador é justamente quem tem menos escolaridade, menos poder aquisitivo, menos acesso à cultura e menor poder de mando. Quem está fora é a maioria negra, moradores de periferias, subúrbios e áreas de risco. O poder político da cidade está dividido entre quem tem razão (dinheiro) – e manda; e quem não tem – e obedece... O capital determina o status e as regras do jogo, quem pode ter voz. Historicamente, pessoas de etnia negra ficam em segundo plano. No caso particular da cidade do Salvador, a desigualdade se manifesta nas posições de trabalho subalternas, nos bairros sem infra-estrutura adequada, na falta de acesso a ensino de qualidade etc, como demonstram estudos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, publicados em “Quem faz Salvador”, em 2002, pela UFBA.

Este pequeno aumento na taxa de emprego varia, sempre, nos meses de novembro e dezembro, quando há grande oferta de vagas temporárias. Durante o período carnavalesco, também existe uma grande tendência de aumento do número de empregados, devido às contratações por período curto. Estes fenômenos acabam por mascarar as taxas de desemprego e criar uma falsa sensação de aumento do número de pessoas incluídas no mercado.

Para a inclusão de mais pessoas no mercado, as autoridades governamentais deveriam tomar providências no sentido de distribuir a renda, gerar empregos e elaborar políticas públicas inclusivas. Ao contrário, o governo estadual comemora índices insignificantes de aumento do emprego. Se continuar nesse jogo, governo e sociedade civil, a esconder a cabeça no chão como o avestruz, a situação pode se tornar insustentável. É preciso agir, com urgência.


(*) Valdeck Almeida de Jesus escritor, poeta e estudante de jornalismo, 4º semestre, da Faculdade Social da Bahia. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site Galinha Pulando