Quem apenas assiste pela televisão às propagandas sobre as obras nos subúrbios de Salvador, certamente desconhece um outro lado da realidade dos habitantes destes bairros, que não é capturado pelas lentes das câmeras do Governo do Estado. Na comunidade dos Alagados, por exemplo, a falta de uma estrutura mínima de saneamento básico é um dos principais problemas enfrentados pelos moradores, que ainda esperam por uma moradia digna.
Andando pelos arredores da Ilha do Rato, situada no bairro, encontra-se facilmente quem esteja indignado com a própria situação. Eloína de Jesus, 47 anos, se amedronta a cada vez que chove. Na última vez, ela passou por uma situação calamitosa e nada convencional.
Parte do aterro, composto por entulho misturado ao lixo, feito na área pelos próprios moradores, foi arrastado e entupiu todo o encanamento. “O vaso sanitário transbordou. Tinha fezes espalhadas pela rua toda”, lembra a moradora, que divide a casa com mais sete pessoas.
O Programa Viver Melhor, da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), tem como objetivo melhorias habitacionais, incluindo-se unidades sanitárias, infra-estrutura (água, esgoto, energia, drenagem, pavimentação, contenções e obras complementares de urbanização), mas quem aguarda ser favorecido com as casas construídas pelo Programa, não teve acesso a nenhum destes benefícios e ainda passa por mais dificuldades.
Gerlane Santos de Queiroz, 31 anos, vizinha de Eloína, conta que seu marido já se recuperava em casa de uma cirurgia nos rins, quando ocorreu o entupimento da tubulação de água. Ele voltou a piorar seu estado de saúde e faleceu três dias depois. “Os tubos estouraram e o chão da rua cedeu”, conta ela, apontando a emenda feita de cimento. “Só depois de oito dias, a Conder providenciou o conserto. Para fazer alguma reclamação, temos que chegar às cinco horas da manhã pra pegar senha”, acrescenta – ela diz que são distribuídas dez senhas e o atendimento só começa às duas horas da tarde.
Segundo a Assessoria de Imprensa do órgão, “esta é uma obra de grande amplitude e é impossível fazer todas as etapas ao mesmo tempo e atender às expectativas dos moradores, primeiro, pela questão financeira, e depois, pelo cronograma a ser cumprido”. Funcionários alegam também que os moradores ocuparam uma área que está abaixo do nível do mar. “É uma questão natural quando chover alagar toda a área”.
Entretanto, chegando nas proximidades da Ilha do Rato, logo se sente o mau cheiro que exala da maré. Andando mais alguns metros, imediatamente se tem a explicação para isso. Uma das duas manilhas que direcionam todo o esgoto para dentro da água - de onde se pode ver diversos pescadores com seus anzóis prontos para capturar o alimento e a fonte de subsistência – está entupida com o entulho que serve como aterro para as obras.
População esquecida - “Quem não faz parte da ‘poligonal’ (área de intervenção das obras) não é beneficiado por nenhum programa”, conta Gilsiara dos Santos, 35 anos, moradora da rua Papa Leão XII, onde a rede de esgoto só abrange o início.
Por não estarem incluídos em nenhum projeto de melhoria, os moradores da rua são obrigados a poluir ainda mais a maré, além de arriscar a própria saúde. Sem estrutura de esgoto, a solução encontrada foi a construção de fossas particulares, cuja limpeza é feita pelos próprios moradores, como conta Edeilda Almeida Lima, 47 anos. Ela diz que há pouco tempo, junto com o marido e os três filhos, contraiu uma micose estranha na pele, que coçava muito. “Meu marido tira a crosta – gordura e fezes – com um balde e joga tudo na maré”.
Apesar da alegada, falta de recursos suficientes do Governo do Estado para uma melhoria satisfatória nas condições de moradia e saneamento básico na área da Ilha do Rato, a moradora Gilsiara, que é coordenadora da Sub-comissão de Moradia da CAMMPI (Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe) expressa sua opinião. “Os problemas enfrentados pelos moradores da Ilha são muito sérios e precisam ter mais prioridade em relação à ‘maquiagem’ que o governo apresenta à população”.
Andando pelos arredores da Ilha do Rato, situada no bairro, encontra-se facilmente quem esteja indignado com a própria situação. Eloína de Jesus, 47 anos, se amedronta a cada vez que chove. Na última vez, ela passou por uma situação calamitosa e nada convencional.
Parte do aterro, composto por entulho misturado ao lixo, feito na área pelos próprios moradores, foi arrastado e entupiu todo o encanamento. “O vaso sanitário transbordou. Tinha fezes espalhadas pela rua toda”, lembra a moradora, que divide a casa com mais sete pessoas.
O Programa Viver Melhor, da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), tem como objetivo melhorias habitacionais, incluindo-se unidades sanitárias, infra-estrutura (água, esgoto, energia, drenagem, pavimentação, contenções e obras complementares de urbanização), mas quem aguarda ser favorecido com as casas construídas pelo Programa, não teve acesso a nenhum destes benefícios e ainda passa por mais dificuldades.
Gerlane Santos de Queiroz, 31 anos, vizinha de Eloína, conta que seu marido já se recuperava em casa de uma cirurgia nos rins, quando ocorreu o entupimento da tubulação de água. Ele voltou a piorar seu estado de saúde e faleceu três dias depois. “Os tubos estouraram e o chão da rua cedeu”, conta ela, apontando a emenda feita de cimento. “Só depois de oito dias, a Conder providenciou o conserto. Para fazer alguma reclamação, temos que chegar às cinco horas da manhã pra pegar senha”, acrescenta – ela diz que são distribuídas dez senhas e o atendimento só começa às duas horas da tarde.
Segundo a Assessoria de Imprensa do órgão, “esta é uma obra de grande amplitude e é impossível fazer todas as etapas ao mesmo tempo e atender às expectativas dos moradores, primeiro, pela questão financeira, e depois, pelo cronograma a ser cumprido”. Funcionários alegam também que os moradores ocuparam uma área que está abaixo do nível do mar. “É uma questão natural quando chover alagar toda a área”.
Entretanto, chegando nas proximidades da Ilha do Rato, logo se sente o mau cheiro que exala da maré. Andando mais alguns metros, imediatamente se tem a explicação para isso. Uma das duas manilhas que direcionam todo o esgoto para dentro da água - de onde se pode ver diversos pescadores com seus anzóis prontos para capturar o alimento e a fonte de subsistência – está entupida com o entulho que serve como aterro para as obras.
População esquecida - “Quem não faz parte da ‘poligonal’ (área de intervenção das obras) não é beneficiado por nenhum programa”, conta Gilsiara dos Santos, 35 anos, moradora da rua Papa Leão XII, onde a rede de esgoto só abrange o início.
Por não estarem incluídos em nenhum projeto de melhoria, os moradores da rua são obrigados a poluir ainda mais a maré, além de arriscar a própria saúde. Sem estrutura de esgoto, a solução encontrada foi a construção de fossas particulares, cuja limpeza é feita pelos próprios moradores, como conta Edeilda Almeida Lima, 47 anos. Ela diz que há pouco tempo, junto com o marido e os três filhos, contraiu uma micose estranha na pele, que coçava muito. “Meu marido tira a crosta – gordura e fezes – com um balde e joga tudo na maré”.
Apesar da alegada, falta de recursos suficientes do Governo do Estado para uma melhoria satisfatória nas condições de moradia e saneamento básico na área da Ilha do Rato, a moradora Gilsiara, que é coordenadora da Sub-comissão de Moradia da CAMMPI (Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe) expressa sua opinião. “Os problemas enfrentados pelos moradores da Ilha são muito sérios e precisam ter mais prioridade em relação à ‘maquiagem’ que o governo apresenta à população”.
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