segunda-feira, 8 de junho de 2009

A importância da remodelação do sistema educacional no Brasil

Por: Anna Letícia Tararam
Em geral, não gosto da revista Veja, acho que ela é altamente tendenciosa. Porém, duas matérias da editoria de Educação me chamaram atenção. Nas edições 2112, de 13 de maio, e 2115, de 3 de junho, a Veja publicou matérias abordando os professores como assunto. Com muitos detalhes, mostrou a importância que esses profissionais têm para o futuro do nosso país e da necessidade uma remodelação do sistema educacional vigente. São matérias que buscam com toda certeza a geração de políticas públicas na área de Educação no Brasil, e que procuram acordar a sociedade para o problema que estamos todos inseridos. Após ler as matérias, posso concluir o quanto estamos estagnados no tempo.

A matéria “ESCOLA PARA PROFESSORES”, da edição 2112, apresenta aos leitores o novo curso obrigatório para reforçar os conhecimentos teóricos dos futuros professores das escolas públicas do estado de São Paulo. Essa nova medida, anunciada pelo governador José Serra, no início do mês de maio, será de suma importância para o ensino na rede pública e para o aprendizado desses alunos da cidade de São Paulo. Segundo a jornalista Camila Pereira, autora da matéria, trata-se da criação de uma escola de formação de professores, bem diferente dos cursos tradicionais de aperfeiçoamento de docentes. O novo curso, que deverá valer a partir de setembro de 2009, é um pré-requisito e tem que ser feito antes dos professores ingressarem na rede estadual de São Paulo, a maior do país.

O problema atual é maior do que se imagina, como explica a consultora na área de educação, Guiomar de Mello: “As faculdades se perdem em teorias dissociadas da prática em sala de aula e não cumprem sua função básica: formar um profissional realmente capaz de exercer seu ofício”. Uma prova aplicada pela Secretaria de Educação, em dezembro do ano passado, 3.500 professores de São Paulo tiraram a nota zero. A prova mediu o domínio que eles tinham das matérias que já ensinavam, resultando absurdamente em nenhum. Nenhum domínio, dá para acreditar? Além da deficiência nos conteúdos, também lhes é escasso as mínimas noções de técnicas didáticas. Camila conta que apenas 20% das aulas nos cursos de pedagogia são dedicadas às metodologias de ensino, e é muito raro um aluno ter praticado antes de entrar numa sala de aula como professor. E é nessa lacuna que entra o novo curso de professores, para ensinar o que as faculdades não ensinam.

Em alguns países, como Coréia do Sul e Finlândia, o contato do aspirante a professor com o dia a dia de uma sala de aula é regra e não uma opção. Já em Cingapura, considerado como um dos países mais eficazes do mundo na formação dos seus docentes, 30% do currículo nos cursos para professor é cumprido dentro dos próprios colégios. “Funciona como uma espécie de residência médica para os futuros profissionais. Eles são acompanhados pelos professores mais experientes, que os orientam e indicam as melhores práticas de ensino”, afirma Lee Sing Kong, diretor do National Institute of Education de Cingapura.

Esse cenário é muito grave, e precisamos saber o que se passa em outros estados. A nova escola de professores de São Paulo é uma medida que deverá ser acatada nas outras cidades do país, por ser de caráter emergencial, pois se trata do futuro do Brasil. Nada parecido com esse novo modelo tinha sido proposto anteriormente na educação brasileira, e é uma notícia maravilhosa para um país que necessita de muitas mudanças nas salas de aula.

Camila dá continuação ao assunto, na matéria “ENSINAR É PARA OS MELHORES”, publicada na edição 2115. Nesta, são publicados os principais trechos da entrevista, feita pela jornalista, com Lee Sing Kong, diretor do National Institute of Education de Cingapura.

Segundo Lee Kong os professores de Cingapura tem status, pois só são admitidos aqueles estudantes que, no ensino médio, foram os 30% melhores da turma. A intenção é que somente os mais talentosos do país possam servir à educação. Mas, para isso foram criadas algumas iniciativas como um bom salário (que é semelhante ao de um engenheiro no mesmo estágio), e os professores que se destacarem recebem gratificações do próprio presidente do país no dia dos professores.

Outra medida muito usada são os laboratórios de pesquisa, usados para desenvolver metodologias de ensino e testá-las antes de aplicá-las nas salas de aula. Lee Kong explica que são estudos longos e sistemáticos, que envolvem diferentes grupos de alunos. Nas escolas de Cingapura, só se ensinam as técnicas pedagógicas se elas forem comprovadas cientificamente. Esses exercícios práticos e atividades nos laboratórios despertam a atenção dos estudantes, o que é crucial para o aprendizado nos dias de hoje, pois eles gostam mais de interagir do que assistir as aulas passivamente.

Como já mencionado na matéria anterior, Lee Kong conta que 30% do cronograma do curso é realizado dentro das escolas. Ou seja, os alunos são submetidos a uma espécie de residência médica, pois isso é básico para qualquer pessoa que queira aprender a ensinar.
As escolas de Cingapura são dirigidas como empresas, essa é mais uma iniciativa interessante, pois todas tem visão, missão e valores, a tríade básica de qualquer empresa. Também são determinadas as metas e quando cumpridas, os professores que obtêm melhores resultados chegam a receber dois salários a mais por ano.

Para Lee Kong, por mais que haja diferenças culturais e econômicas entre os países, nada impede de que eles sigam a mesma direção de Cingapura. Como diz o ditado, nada se cria tudo se copia, e neste caso o ditado se encaixa perfeitamente. Precisamos incentivar novas reformas em nossos métodos de ensino para se construir um país mais descente no futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário